Neste post, iremos explorar a torção testicular, uma condição médica que representa uma emergência. Embora mais comum em adolescentes e jovens, também pode afetar homens adultos. Vamos analisar as causas, sintomas e opções de tratamento para essa condição.
O que é torção testicular?
No Mato Grosso, assim como em qualquer lugar, é importante compreender a torção testicular, um problema que afeta os homens. Essa condição ocorre quando há um giro do testículo em torno do cordão espermático, uma estrutura composta pelo epidídimo e pelos tecidos ao seu redor, que fornece o fluxo sanguíneo para os testículos localizados dentro do escroto.
A torção testicular interrompe o fluxo sanguíneo nessa estrutura, resultando em uma dor intensa nos testículos. Essa dor pode se irradiar para o abdômen e virilha, e também pode causar inflamação local, representando um alto risco de dano irreversível ao tecido testicular.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, a torção testicular é mais comum em adolescentes entre 12 e 18 anos, mas também pode afetar homens em torno dos 25 anos, bem como crianças e até mesmo bebês.
Além da dor aguda e intensa, outros sintomas da torção testicular incluem o testículo afetado ficar posicionado mais alto em relação ao outro e apresentar um inchaço significativo.
Se, após um episódio de dor intensa, o escroto apresentar alterações na cor, como vermelhidão ou escurecimento, é crucial buscar tratamento imediatamente. Caso o problema não seja resolvido dentro de até 6 horas, o testículo pode sofrer atrofia.
Mas como acontece a torção testicular?
As causas da torção testicular ainda não estão totalmente esclarecidas. Sabe-se que durante o desenvolvimento dos testículos no período embrionário, uma das cápsulas que os envolve pode apresentar inserções menos firmes, conhecida como “alteração em badalo de sino”. Contrações rápidas do músculo cremaster, que se conecta ao escroto, podem fazer com que o testículo suba e cause um efeito no cordão espermático.
Além disso, um rápido crescimento e aumento da vascularização dos testículos também podem ser precursoras da torção, o que explica por que esse problema afeta principalmente os adolescentes.
É essencial buscar tratamento imediato para a torção testicular, pois existem consequências quando os pacientes não recebem cuidados a tempo. As principais são:
- Atrofia testicular: um encolhimento significativo de um testículo, comprometendo sua função.
- Infertilidade: a torção testicular pode levar à infertilidade? Sim, é possível, especialmente se o outro testículo já apresentar algum grau de atrofia, o que prejudicará a produção de espermatozoides.
- Deformidade estética: a perda de um testículo pode resultar em uma deformidade estética, o que pode causar danos emocionais ao homem.
- Necrose testicular: se o problema persistir por várias horas (mais de 24 horas), pode ser necessária a remoção do testículo, que estará gravemente danificado.
Quando a cirurgia não é realizada nas primeiras 6 a 12 horas, a possibilidade de uma orquiectomia (remoção do testículo) torna-se bastante provável.
Torção testicular: causas prováveis
A ocorrência da torção testicular pode ser frequente em pacientes durante o repouso, como durante o sono, e também durante a prática de atividades físicas.
As causas da torção testicular podem estar relacionadas a fatores congênitos, como fragilidade no tecido conjuntivo do escroto. No entanto, existem outros aspectos a serem considerados:
- Idade: A faixa etária mais comum para a ocorrência é entre os 12 e 18 anos, representando 65% dos casos.
- Alterações anatômicas: Alguns casos podem estar relacionados a alterações que ocorrem durante a vida intrauterina, como uma fixação inadequada da bolsa testicular conhecida como “badalo de sino”.
- Atividades dinâmicas e traumas: Certas atividades, como natação, paraquedismo, ciclismo e patinação no gelo, podem desencadear a torção testicular.
Como tratar torção testicular?
O tratamento da torção testicular depende da história clínica e do tempo decorrido desde o início dos sintomas. O tratamento principal para a torção testicular é cirúrgico e deve ser realizado de forma emergencial para evitar danos irreversíveis ao tecido do órgão.
Na fase inicial do processo, a destorção manual pode ser tentada, com o uso de analgésicos prescritos pelo urologista. Essa manipulação pode proporcionar um alívio imediato da dor. No entanto, a cirurgia não é descartada, pois há chances de recorrência, mas a destorção manual aumenta a possibilidade de salvar o testículo.
Além do exame físico, o ultrassom com doppler é o teste indicado para confirmar a torção testicular e diferenciá-la de outras condições, como a inflamação testicular (orquiepididimite).
Durante a cirurgia de torção testicular, o urologista aborda ambos os testículos. Primeiramente, o lado afetado pela torção é acessado, o testículo é destorcido e sua viabilidade é avaliada. Em seguida, aguarda-se alguns minutos com compressas mornas para verificar se houve recuperação adequada do órgão. Se o testículo recuperar sua função, ele é reposicionado e fixado novamente na bolsa escrotal.
Em seguida, o testículo contralateral é fixado e o procedimento é finalizado. Quando o testículo não é viável, é realizada a sua remoção (orquiectomia), e ainda assim é necessário realizar a fixação do testículo remanescente.
O tempo de recuperação dessa cirurgia varia de 2 a 6 semanas, com um período de repouso relativo. O uso de suspensório escrotal ou roupas íntimas mais ajustadas é recomendado para ajudar a reduzir a dor e o inchaço no local, facilitando a recuperação pós-operatória.
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Dr. Bruno Molina
É médico cirurgião Geral formado pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioste.
Possui especialização (residência médica) em Urologia pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná – UFPR